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domingo, 18 de janeiro de 2015

BANCO DE EXPERIÊNCIAS, FORÇAS E ESPERANÇAS

      Os artigos contidos neste BANCO foram retirados e traduzidos com permissão do boletim internacional de A.A. Box 4-5-9.  
Desde seu começo, Box 4-5-9, tem refletido a situação da nossa Irmandade, e na medida em que A.A. foi-se expandindo também foi sendo acompanhado pelo conteúdo do boletim. Atualmente, nos artigos se incluem noticias relacionadas com o serviço de A.A., particularmente no campo das instituições correcionais e de tratamento, de informação ao público e de cooperação com a comunidade profissional. Os artigos compartilham a experiência dos membros nos assuntos básicos – apadrinhamento, a prática dos Passos e das Tradições, problemas dos Grupos base e soluções, e ampliam a nossa experiência com as notícias da Irmandade nos EUA e Canadá e outros artigos a respeito dos acontecimentos de A.A. no mundo todo. Há relatórios de Distritos e programas e projetos de Área que ajudam a levar a mensagem ao alcoólico que sofre, informação sobre a estrutura de serviço para os membros que se estão iniciando no serviço – e para os experientes também.
Entretanto, por se tratar de experiências, não quer dizer necessariamente que o que foi aplicado com sucesso em um Grupo, região ou estrutura nacional em determinado lugar possa ser aplicado em outro lugar com a mesma garantia.
Este BANCO irá sendo complementado com outros artigos do mesmo boletim selecionados pelo CAHist na medida em que o boletim for publicado e os artigos sendo traduzidos.
Porém, o propósito fundamental desta seção é o de divulgar as experiências dos Grupos e órgãos de serviço de A.A. no Brasil relacionadas com a prática dos Três Legados. Assim, se o seu Grupo, Distrito ou Área vivenciou alguma experiência entendida como relevante e que possa ser útil a outros Grupos ou órgãos de serviço poderá enviá-la em forma de artigo. Após uma criteriosa avaliação do CAHist, os artigos poderão ser incluídos neste BANCO.

                Todos os artigos que aparecem no Box 4-5-9 constituem literatura de A.A. aprovada perla Conferência sênior – EUA/Canadá e podem ser reimpressos em publicações locais de A.A. (incluindo sítios de A.A na Web), sempre que se reimprimam em sua totalidade e se inclua a seguinte declaração: "Reimpresso do Box 4-5-9 (data do número, página) com permissão de A.A. World Services, Inc."

sábado, 17 de janeiro de 2015

A ORIGEM DE:

VEJA NOS ARTIGOS A SEGUIR ....

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

1.1. A origem da Declaração de Unidade


Box 4-5-9, Fev. Mar. / 2009 (pág. 7-8)

Título original: ¿Por qué tenemos una Declaración de Unidad?”

Em julho de 1970, onze mil membros de Alcoólicos Anônimos reunidos em Miami Beach, Florida, EUA, fizeram a seguinte promessa em onze idiomas diferentes:
“Uma Declaração de Unidade:
O futuro de A.A. depende de ser colocado em primeiro lugar, o nosso bem-estar comum, a fim de manter a nossa Irmandade unida. Da unidade de A.A. dependem as nossas vidas e as vidas daqueles que virão”.
A aceitação desta declaração na Convenção de 1970 selou a aprovação final à campanha iniciada por Bill W. algumas décadas atrás, para estabelecer como prioridade a preservação da unidade para assegurar o futuro de A.A. Vinte anos antes, na primeira Convenção Internacional, em Cleveland, mais de três milhares de membros de A.A. votaram pela aceitação das Doze Tradições que Bill havia redigido e proposto com o propósito específico de assegurar a sobrevivência de A.A. como sociedade. A aceitação oficial da Declaração de Unidade serviu para reforçar isso.
Por que foi necessário fazer essa declaração? Quase desde os primórdios de A.A., Bill havia colocado como foco a importância de manter a unidade da Irmandade. Trabalhando juntos poderemos alcançar e manter a sobriedade que não pudemos encontrar quando estávamos sozinhos. Mesmo quando A.A. não tinha mais de cem membros, em sua maioria concentrados em Akron e Nova York, Bill e o Dr. Bob tinham a visão de uma irmandade unificada que poderia alcançar os alcoólicos em todas as partes da América do Norte e inclusive do mundo. Bill W., nas suas palestras e artigos, sempre destacou a necessidade de preservar a unidade para que nós mesmos pudéssemos manter a sobriedade e preservar A.A. para “os milhões que ainda não nos conhecem”.
Ao apresentar as Tradições, Bill escreveu: “Enquanto os vínculos que nos unem demonstrem ser mais fortes que as forças que pudessem nos dividir, tudo irá bem...estaremos seguros como movimento; nossa unidade essencial continuará a ser algo seguro”.
Quais eram as forças que poderiam nos dividir? Ele mencionava com frequência a luta pela propriedade, o poder e o dinheiro. Sentia ser absolutamente necessário que A.A. como sociedade teria que evitar as controvérsias sobre a política e a religião. Também acreditava que o anonimato era um fator decisivo para manter a unidade e que a ajuda de A.A. deveria estar disponível para todos sem favoritismos nem prejuízos.
Bill descreveu as Doze Tradições como sendo “Doze pontos para assegurar o nosso futuro”. Ele as considerava tão essenciais para a preservação da sociedade quanto os Doze Passos para a recuperação do membro individual. Escreveu que o mais urgente e estimulante interesse de A.A. era “preservar entre nós, os AAs, uma unidade tão sólida que nem as debilidades pessoais nem a pressão e discórdia desta época turbulenta possam prejudicar nossa causa comum. Sabemos que Alcoólicos Anônimos tem que sobreviver. Se assim não for, exceto contadas exceções, nós e nossos companheiros alcoólicos em todas as partes do mundo recomeçaríamos nossa desesperada viagem rumo ao esquecimento”.
Bill estava doente e lhe restava menos de um ano de vida quando foi adotada oficialmente a Declaração de Unidade. Mesmo assistindo à Convenção numa cadeira de rodas e fazendo uma breve aparição no palco, não pode fazer a longa palestra que costumava fazer nas Convenções anteriores. Porém, certamente deveu sentir um merecido orgulho ao ver aprovada esta declaração por parte da convenção, da mesma maneira que a Convenção Internacional de 1965, em Toronto, emitira a declaração do Termo de Responsabilidade.
De acordo com informação encontrada nos Arquivos Históricos de A.A., o autor do texto da declaração provavelmente foi Al S., o mesmo membro de A.A. e assessor que tinha redigido o Termo de Responsabilidade. Também reflete os esforços do Comitê que organizou e trabalhou na Convenção Internacional de 1970 – 35º aniversário de A.A. O lema da Convenção, apropriadamente, foi “A unidade dentro da nossa Irmandade”.
Na cerimônia de sábado à noite, o então gerente geral do ESG, Bob H., convidou para subir ao palco vários antigos delegados e membros de ultramar para participar da adoção da Declaração; dizendo que, “a unidade de A.A. é a qualidade especial que faz com que nossa Irmandade seja única. É o cimento que mantém unida nossa sociedade, a plataforma que faz possível o ‘Serviço’ de A.A. É mais que um acordo sobre os princípios básicos, mais que a liberação da discórdia destrutiva. É um vínculo criado pela experiência compartilhada, como a que compartimos aqui, nesta noite. A unidade é nossa mais prezada posse, nossa melhor garantia para o futuro de A.A. Que todos a valorizemos e a preservemos, hoje e todos os amanhãs que estão por vir”.
Bob H. pediu então a todos os participantes que se encontravam no palco que recitassem a Declaração de Unidade, que foi iniciada pelo Dr. John L. Norris, o diretor clínico da Eastman Kodak e amigo e Custódio não alcoólico durante muitos anos.
Conforme informação disponível, devido ao agravamento da saúde, Bill não pode assistir a essa cerimônia. Porém, conseguiu subir ao palco na manhã seguinte para proferir um brevíssimo discurso de quatro minutos, que foi acolhido com uma grande ovação com todos os presentes em pé. Isto, nos últimos meses de vida de Bill, foi uma comovedora lembrança do também breve discurso do Dr. Bob na primeira Convenção Internacional, em julho de 1950, em Cleveland, quando instou a todos a ter presente que os Doze Passos se reduzem a amor e serviço, sua última mensagem antes de morrer em novembro daquele ano.

1.2. A origem da Oração da Serenidade

Box 4-5-9, Natal 2003 (pág. 3-4) 
Título original: “La Oración de la Serenidad: Tanta substancia de A.A. en tan poca palabras”

Para os AAs de todos os lugares, a querida Oração da Serenidade é um mantra para toda ocasião imaginável; uma brisa refrescante em um rosto avermelhado pela ira, uma curta canção de gratidão por boas noticias, um guia consolador diante das más noticia, - a segurança reconfortante de que o mundo vai-se desenvolvendo como deve ser.
            David R., de Oakland, Califórnia, diz: “Quando, num dia de calor escaldante, me encontro na rodovia 101 no meio de um congestionamento quilométrico, com centenas de caminhões parados devido a um acidente à frente, começo a recitar a Oração da Serenidade para me proteger contra a fúria da estrada, e obtenho o efeito desejado”.  Karen M., de Richmond, Virgínia, diz que, “quando tenho que fazer alguma coisa que ameaça com um ataque de nervos, como por exemplo, pedir ao meu chefe um aumento no salário ou pedir desculpas por não ter feito bem alguma coisa, recito a Oração da Serenidade várias vezes e isso me tranquiliza como se fosse uma arte de mágica”. John D., de Chicago, diz que a oração “me ajuda tanto nos bons momentos quanto nos maus. Sempre aflora nos meus lábios de forma natural quando as coisas estão muito ruins, mas também trato de lembrá-la para agradecer a Deus quando as coisas estão indo bem, como no meu aniversário de A.A. ou nas raras ocasiões em que passo um fim de semana com a minha mulher”.

Este é o recorte do texto que apareceu em 1941 no New York Herald Tribune.

Bill W., cofundador de A.A., disse: “Nunca tínhamos visto tanta substância em tão poucas palavras”. No livro “Alcoólicos Anônimos atinge a maioridade”, Bill conta que no começo de 1942, Ruth Hock, a primeira secretária nacional de A.A., não alcoólica, mostrou a ele e a outros que se encontravam aglomerando o pequeno escritório de Nova York um pequeno obituário que tinha aparecido no Herald Tribune de Nova York que finalizava com estas palavras: “Deus, concede-nos a serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar, a coragem para mudar as coisas que podemos e a sabedoria para reconhecer a diferença”. (N.T.: a imagem que ilustra o parágrafo acima não faz parte da transcrição deste artigo).
Alguém sugeriu que essas linhas fossem impressas em pequenos cartões de visita e incluí-los na correspondência emitida pelo escritório e assim a Oração da Serenidade começou a fazer parte integrante da vida de A.A. Desde então, foi traduzida para os muitos idiomas falados pelos AAs no mundo todo e é proferida em voz alta nas reuniões e silenciosamente nos corações. Durante mais de meio século a oração veio se entretecendo tão intimamente na filosofia de A.A. que perece difícil aos membros lembrar que não teve origem na experiência de A.A.
Entretanto, a pesar de anos de investigação por parte de historiadores e inúmeras conjeturas por parte de amadores, a exata origem da Oração da Serenidade continua a ser um mistério. O que parece indiscutível é a reclamação de autoria feita pelo teólogo Reinhold Niebuhr, que numa entrevista disse haver escrito a oração como nota final de um sermão a respeito do cristianismo prático. Mesmo assim, Niebuhr admitiu alguma dúvida ao acrescentar 

“supostamente, é possível que tenha estado muitos anos, inclusive séculos, aparecendo aqui e acolá, porém não acredito. Acredito sinceramente que eu próprio a escrevi”.

Com sua permissão, durante a Segunda Guerra Mundial a Oração da Serenidade foi impressa em cartões que foram distribuídos aos soldados americanos. Até então já tinha sido impressa pelo Conselho Nacional de Igrejas assim como também por Alcoólicos Anônimos.
Ao sugerir que a oração poderia ter aparecido aqui e acolá durante séculos, parece que Niebuhr estava certo.  De acordo com Bill W.: “Ninguém pode dizer com segurança quem foi o primeiro a escrever a Oração da Serenidade. Alguns dizem que veio dos antigos gregos; outros que saiu da pena de algum poeta inglês anônimo e outros que foi escrita por um oficial da marinha americana”. Sua origem também foi atribuída a antigos textos sânscritos e aos distintos filósofos Aristóteles, Santo Agostinho, Tomás de Aquino e Espinosa. Um companheiro de A.A. encontrou entre “Os seis erros do ser humano” do escritor romano da antiguidade, Cícero, a seguinte frase:

“A tendência a se preocupar com coisas que não podem ser mudadas ou corrigidas”.

            De fato, ninguém encontrou o texto da oração entre os escritos destas supostas fontes originais. O que certamente são muito antigos, como a citação de Cícero, são as questões da aceitação, a coragem para mudar o que pode ser mudado e a disposição para se desprender daquilo que está fora da nossa capacidade para ser mudado. Com certeza, a busca da origem dessa oração tem sido como descascar uma cebola e às vezes é preciso recomeçar de novo. Por exemplo, em julho de 1964, a Grapevine recebeu o recorte de um artigo publicado no Herald Tribune de Paris onde o correspondente informava ter visto em Koblenz, Alemanha, uma placa gravada com as seguintes palavras: 

“Deus, concede-me o desprendimento para aceitar as coisas que não posso alterar; a coragem para alterar as coisas que posso alterar; e a sabedoria para distinguir uma coisa da outra”.

Finalmente parecia haver aqui uma prova concreta com citação, autor e data da Oração da Serenidade. Más não. Quinze anos mais tarde, em 1979, Peter T., de Berlim, disse a Beth K., membro do pessoal do ESG à época, que na sua primeira forma, a oração teve origem no filósofo romano Boécio (480-524), autor de “Os consolos da filosofia”.
Existem mais reclamações e, sem dúvida, irão continuar as descobertas nos anos vindouros. Entretanto, uma ideia compartilhada por muitos é a de que, a Oração da Serenidade, seja qual for sua origem, antiga ou moderna, parece ter surgido de uma percepção humana fundamental e de uma sabedoria nascida do sofrimento.
Fora o Pai-Nosso e a oração de São Francisco, não há outras palavras e conceitos, ao mesmo tempo práticos e espirituais, que tantos membros de A.A. levem gravados nas suas mentes e em seus corações na sua viagem de sobriedade em direção a uma nova maneira de viver.
Bill W. referiu-se a este fenômeno ao agradecer um amigo de A.A. que o presenteou com uma placa onde estava escrita a oração: “Na criação de A.A., a Oração da Serenidade foi um bloco de construção muito valioso, realmente uma pedra angular (*)”.
             E falando em pedras angulares, mistérios e coincidências, um trecho da rua 120 de Manhattan, que ladeia o prédio onde se encontra o ESG, entre as ruas Riverside e Broadway, é conhecido pelo nome Reinhold Niebuhr Place.
(*) N.T.: Pedra angular (ou fundação de pedra) é a primeira pedra conjunto na construção de uma fundação de alvenaria, importante, pois todas as outras pedras serão definidas em referência a essa pedra, determinando assim a posição de toda a estrutura.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pedra_Angular

Para saber mais:

Leia o artigo “A espiritualidade de A.A. tem espaço para todas as religiões, ou nenhuma”, no Box 4-5-9 Natal/2002 (pág. 6-7) 

http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_holiday02.pdf

1.3. A origem da Reserva Prudente


Box 4-5-9, Natal / 2008 (pág. 7-8) =>http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_holiday08.pdf
Título original: “¿Qué es una reserva prudente?”

Não se costuma aplicar a palavra “prudente” aos alcoólicos na ativa. Porém, para um grupo de alcoólicos sóbrios reunido, a palavra ganha um novo significado. Conscientes das muitas dificuldades que se podem apresentar na vida, os membros de A.A. costumam ser a própria definição da prudência na hora de organizar, apoiar e manter um Grupo de A.A.
Ao perceber a importância do Grupo para a manutenção da sobriedade dos membros individuais, a maioria dos AAs se dispõe a deixar de lado as diferenças pessoais e se focar na sobrevivência do Grupo em longo prazo. Já desapareceram a temeridade autodestrutiva e a irresponsabilidade que costumam caracterizar o alcoolismo ativo e em seu lugar surgem o desejo de estabilidade e a boa disposição para colaborar com bem comum.
No que se refere ao bem comum e à sobrevivência do Grupo em longo prazo, entre as coisas mais prudentes que o Grupo pode fazer está a de estabelecer uma reserva econômica – a providencial poupança para épocas de vacas magras, para ajudar o Grupo a atravessar e superar tempos difíceis. Assim, se as contribuições declinam ou se apresentam gastos inesperados, o Grupo estará fortalecido e sempre na possibilidade de manter suas portas abertas.
Cada Grupo tem gastos fixos que deve cobrir regularmente para se manter na superfície – o aluguel, água, luz, impostos, literatura, produtos de higiene, limpeza e copa e as contribuições aos órgãos de serviço. Estes gastos são pagos com as contribuições regulares dos membros do Grupo. Porém, a maioria dos Grupos trata de guardar algum dinheiro para se proteger contra eventualidades, com a intenção de acumular uma reserva prudente equivalente aos gastos operacionais de um até três meses, em média. Estes fundos contribuem para assegurar a sobrevivência do Grupo e a realização do seu objetivo primordial que é o de levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
A contribuição com dinheiro nunca foi um requisito para se tornar membro de A.A.; entretanto, sempre foi um ingrediente essencial no trabalho do Décimo Segundo Passo. Como é dito no folheto “A autossuficiência – onde se misturam o dinheiro e a espiritualidade” : “O trabalho do Décimo Segundo Passo é o sangue vivificador de Alcoólicos Anônimos através do qual é transmitida a mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Se não o tivermos, a Irmandade murcharia e morreria. E este contato vital entre um alcoólico e outro, inclusive nos seus aspectos mais simples, supõe um investimento de tempo e dinheiro”.
Isto se verifica em todos os níveis da estrutura de serviço de A.A.: Distritos, Áreas, Escritórios de Serviços Locais (ESL´s), e até no Escritório de Serviços Gerais de A.A. (ESG), não poderão funcionar sem dinheiro e dele precisam para poder cumprir suas responsabilidades com a Irmandade.
Conforme Gary Glynn, Custódio não alcoólico, emérito e antigo presidente e tesoureiro da Junta de Serviços Gerais, “Um fundo de reserva prudente e estável e uma boa capacidade para sua administração são tão espirituais quanto práticos”. Como Irmandade não almejamos acumular grandes quantias de dinheiro nem ter tão pouco que fiquemos impossibilitados de cumprir com nossas responsabilidades e pagar nossas contas. Não é nem espiritual nem prático acumular ou gastar mais do que o necessário, assim como também não o é ficar sem dinheiro. Bill W. chamava isso de bom senso econômico.
Do mesmo modo que muitos Grupos dos EUA e Canadá e ao redor do mundo, a Junta de Serviços Gerais de A.A. tem uma reserva prudente estabelecida para proporcionar à Irmandade, numa situação de emergência, os recursos econômicos necessários. O Fundo de Reserva da Junta de Serviços Gerais de A.A. foi criado em 1954 para garantir que os serviços básicos do Escritório de Serviços Gerais e da Revista Grapevine continuassem a ser prestados mesmo no caso de haver uma redução imprevista e substancial dos ingressos regulares da organização, seja esta redução motivada por grave recessão econômica, uma perturbação interna na Irmandade, uma mudança na forma de publicar e distribuir a literatura de A.A., ou por outra razão qualquer.
O assunto do dinheiro sempre foi um tema de interesse para a Irmandade. Nos primeiros dias de Alcoólicos Anônimos, já existiam alguns que sonhavam com acumular grandes quantias de dinheiro e ansiavam por consegui-lo de qualquer maneira para que o milagre de Alcoólicos Anônimos pudesse ser difundido o mais rápido possível. Estes pioneiros demoraram um pouco para perceber sabiamente que se a Irmandade não fosse totalmente autossuficiente corria o perigo de se perder para sempre. Na medida em que A.A. crescia e se desenvolvia, podia-se notar com clareza que uma das maneiras mais seguras para manter a existência da Irmandade era a de assegurar que continuarias a ser autossustentável negando-se a receber contribuições de fora, mesmo devido a necessidade urgente ou através de doações de simpatizantes.
No livro Doze Passos e Doze Tradições, no capítulo referente à Sétima Tradição, consta o relato de um debate ocorrido durante uma reunião da Fundação do Alcoólico, precursora da Junta de Serviços Gerais, em 1948, sobre a questão de um legado de dez mil dólares deixado em testamento por uma senhora que havia morrido. “Na ocasião, a Fundação estava em reais dificuldades financeiras; os Grupos não estavam contribuindo com o suficiente para o sustento do Escritório; todos os nossos rendimentos provenientes da venda do Livro Azul, vinham sendo utilizados e as reservas derretiam-se a olhos vistos. Precisávamos daqueles dez mil dólares.
Depois se manifestou a oposição. Argumentaram que a Fundação tinha conhecimento de um total de meio milhão de dólares que pessoas ainda vivas já haviam reservado para doar a Alcoólicos Anônimos. E só Deus sabia quanto mais haveria e que não era do nosso conhecimento. Se as doações externas não fossem recusadas, inteiramente cortadas, a Fundação tornar-se-ia rica um dia.
Então, nossos Custódios escreveram uma página brilhante da história de A.A. Declararam que, por princípio A.A. tinha que permanecer pobre. Tão apenas as despesas correntes mais uma reserva prudente resumiriam dali em diante a política financeira da Fundação. Embora não fosse fácil, declinaram os dez mil dólares e adotaram a decisão formal de que no futuro todas as doações desse tipo não deveriam ser aceitas. Acreditamos que naquele instante o princípio da pobreza coletiva enraizou-se de forma definitiva na tradição de A.A.”
Gary Glynn diz que pobreza coletiva reflete mais “um estado de ânimo do que propriamente o saldo da nossa conta bancária. Todos nós conhecemos indivíduos e organizações que gastam dinheiro que não têm, que vivem acima de suas possibilidades, seja por fazer caso omisso de suas circunstâncias econômicas reais ou por dar como assegurado um amanhã rosado. Por isso pode-se ser pobre sem colocar em prática a pobreza corporativa... O contrário também é possível, podemos ter uma reserva prudente sem cair na tentação de gastar desnecessariamente simplesmente porque temos recursos”.
Atualmente, o Fundo de Reserva da Junta de Serviços Gerais (*) tem imposto por recomendação da Conferência de Serviços Gerais um limite equivalente aos gastos operacionais de um ano da combinação de A.A. World Services, Inc. (Serviços Mundiais de A.A.), a Grapevine de A.A. (a revista similar da Vivência), e o Fundo Geral da Junta de Serviços Gerais de A.A., Inc. O Escritório de Serviços Gerais e o Comitê de Finanças da Junta de Custódios monitoram constantemente o saldo do Fundo de Reserva com o intuito de assegurar a administração ordenada dos recursos econômicos da Irmandade, sempre tendo em mente que o objetivo primordial é o de levar a mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
Com autorização outorgada pela Junta de Custódios, pode-se utilizar o Fundo de Reserva para cobrir outros gastos; por exemplo, foi utilizado para sufragar os gastos relacionados com a mudança, e reforma do Escritório de Serviços Gerais e da Grapevine assim como para financiar importantes melhorias tecnológicas. Também foi autorizada sua utilização para financiar o desenvolvimento de “La Viña”, a revista em español da Grapevine, por um determinado período de tempo.
 Refira-se a um Grupo, um Distrito, uma Área ou à Junta de Serviços Gerais, o estabelecimento de um Fundo de Reserva é um elemento chave do princípio da autossuficiência de A.A. e que pode ter consequências importantes, sendo a mais significativa, a de assegurar que os serviços de A.A. estarão disponíveis a todos aqueles que contam com a ajuda da Irmandade para alcançar e manter a sobriedade.

(*) Estas informações se referem à estrutura de Serviços Gerais dos EUA/Canadá. A Conferência de Serviços Gerais de cada país membro têm autonomia para determinar esses procedimentos, metas e limites.

1.4. A origem das Áreas e dos Painéis


Box 4-5-9, Primavera/ 2010 (pág. 6-7) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_spring10.pdf
Título original: “¿Qué son ‘áreas’ y ‘paneles’?”

Em qualquer discussão sobre o tipo de bebida que se pode servir num evento de A.A., e muito provável que se mencione café, leite e açúcar. Da mesma maneira, em qualquer conversa a respeito da Conferência de Serviços Gerais, há três palavras que seguramente serão das mais citadas: delegados, áreas e painéis.
Para um membro de A.A. novo, recém-chegado aos serviços gerais, esse tipo de conversa poderá parecer tão estranho quanto uma reunião familiar em que primos irmãos, primos em segundo grau e primos distantes tratam de se colocar nos galhos da árvore genealógica da família. “Oi, você serviu com João, o delegado da Área 49? Painel 35? Você é da Área 48? Conhece Maria? Ela não é da Área 48, é da Área 44, mas foi delegada no Painel 35 também”. Outros membros recitam números de painéis, números de área e a história dos delegados regionais com a facilidade de um leiloeiro, e ao mesmo tempo asseguram ao novato que “se estão mantendo simples”, e que não deve se preocupar porque logo, logo, as palavras painel e área lhe irão sair facilmente. Aos recém integrados no serviço costuma-se dizer “a única coisa que precisa é continuar voltando”.
Porém, neste ponto, depois de navegar por uma sopa de siglas de RSG, MCD, CIC, CIT. CIP, CCCP, os recém-chegados aos serviços gerais continuam a duvidar que qualquer explicação a respeito de áreas e seus números sejam tão simples assim. E perguntam “porque se criaram primeiro as áreas? O que é uma área e como chegaram a ter números?”. Felizmente, na vasta literatura de A.A. pode-se encontrar resposta para quase todas as perguntas que um membro ainda confuso possa fazer, e, ao dar uma olhada no passado podemos jogar um facho de luz sobre o uso de “áreas” em A.A.
As áreas foram formadas para facilitar a representação dos grupos na Conferência de Serviços Gerais, a qual foi criada para colocar a Irmandade de Alcoólicos Anônimos nas mãos de seus membros e assegurar que “seja ouvida a voz de A.A. em sua plenitude”. Com a criação das áreas veio a criação do encargo de delegado para representá-las. “Uma área pode ser constituída por um estado ou província (*), ou parte de um estado ou província, ou por várias partes de mais de um estado ou província, conforme seja necessário para servir a população de A.A. e satisfazer suas necessidades”. As áreas são numeradas pela ordem alfabética de suas sedes (com algumas exceções), começando pelos estados de EUA; por exemplo, Área 1 é Alabama e o Noroeste da Flórida, Área 2 é Alaska; Área 3 é Arizona.
Em alguns estados ou províncias existe uma grande população de A.A. e por isso são divididos em várias áreas; por exemplo, é o caso de Ontário, que inclui as Áreas 83, 84, 85 e 86. Desde a primeira Conferência foram sendo criadas áreas adicionais nos estados e províncias, até um total de 93.
Assim, também para muitos, as conversas a respeito dos “painéis” é um tanto quanto desconcertante. Cada Conferência é composta por dois painéis, ou, grupos de delegados eleitos para servir por dois anos.
Os painéis têm numeração par e ímpar. Os números pares incluem o grupo de delegados que iniciam o serviço nos anos pares e os números ímpares aqueles eleitos que iniciam o exercício nos anos ímpares.
O Painel 1, composto por 37 delegados, foi o da primeira Conferência em 1951. O Painel 2, composto por 38 delegados, foi o da segunda Conferência. Assim, da segunda Conferência participaram 75 delegados no total. Bill W. explicou que este método “dá continuidade à Conferência, com a metade de seus membros saindo a cada ano e seus lugares ocupados pelos novos eleitos gerando, assim, a rotatividade”.
Dando continuidade a este modelo, a 60ª Conferência, em 2010, incluiu o Painel 59 (os delegados de segundo e último ano que iniciaram em 2009), e o Painel 60 – os delegados de primeiro ano que estavam iniciando em 2010.
Porém, se você ainda não pode falar com facilidade a respeito de painéis, áreas ou delegados, assista aos próximos eventos do Distrito, mesmo que apenas seja para tomar um café com leite e açúcar e falar com alguns companheiros. Como escreveu Bill W. “… um serviço em A.A. é tudo aquilo que nos ajuda a alcançar uma pessoa que sofre - o chamado Décimo Segundo Passo propriamente dito - pelo telefone ou por uma xícara de café, assim como o Escritório de Serviços Gerais de A.A. para ação nacional ou internacional. A soma total de todos esses serviços é o nosso Terceiro Legado de Serviço”.

(*) N.T.: O texto acima se refere à estrutura de A.A. nos EUA e Canadá, onde a divisão territorial e constituída por estados – EUA, e províncias – Canadá.

1.5. A origem das ilustrações nos materiais de A.A.


Box 4-5-9, Abr. Mai. 2008 (pag. 4) => http://www.aa.org/newsletters/es_ES/sp_box459_april-may08.pdf
Título original: “Imágenes de la Conferencia anual”

Durante muitos anos, quando não eram permitidas câmaras fotográficas nas salas de Justiça da Cidade de Nova York, Al H., artista e membro de A.A., assistia aos processos e desenhava os notórios e notáveis para os programas de noticias de televisão. Essa época chegou ao fim já faz alguns anos quando foi levantada a proibição de fazer fotografias nos julgamentos.
            Al, que tem 36 anos de sobriedade em A.A. e estudou Arte no Arts Students League de Nova York e no Colorado Springs Fine Arts Center, faz já muitos anos que trabalha para a A.A.W.S – Serviços Mundiais de A.A.
           
Seus desenhos podem ser vistos também em “Os Doze Passos Ilustrados” e “A.A. é para mim?”.
            Faz trinta anos que tem o trabalho regular de fazer os desenhos na Conferência de Serviços Gerais de A.A. anual que são publicados no Relatório Final da Conferência.
            Al começou a trabalhar como ilustrador através de um contato no seu Grupo base. Um membro do pessoal do Escritório de Serviços Gerais – ESG, que também era membro do mesmo Grupo, onde quase todos conheciam a profissão de Al. No ESG estava sendo considerada a possibilidade de incluir ilustrações no Relatório Final. Obviamente, não se podiam publicar fotografias. Quando foi sugerido o uso de desenhos, esse membro do pessoal do ESG disse, “Conheço alguém que ganha a vida desenhando”.
            Ao lembrar essas primeiras Conferências, uma das diferenças que Al observa são as roupas de vestir. “As pessoas vestiam-se com roupa casual e alguns usavam grandes chapéus de cowboy. Agora os participantes vestem num estilo mais formal”.
            Al trabalha a maior parte do ano pintando a óleo, que é muito diferente de fazer desenhos lineares que aparecem no Relatório da Conferência.
“Alguns meses antes de começar a Conferência assisto a algumas aulas de rascunho. Desenhar é parecido com tocar piano – é preciso praticar. Trabalho com pena e tinta porque é mas expressivo que lápis ou carvão. As aulas me ajudam a aperfeiçoar a técnica”.
Al faz alguns poucos desenhos durante o ano, mas não é a preparação ideal para os trabalhos da Conferência.
“Vou ao Parque Central e desenho algumas árvores que não se mexem. Captar uma pessoa num desenho é algo muito diferente. As pessoas na Conferência não estão posando para quadros”.
Al foi artista comercial antes de ser artista das salas de Justiça, trabalho que começou depois de alcançar a sobriedade. “A grande diferença entre trabalhar como artista sóbrio e artista bêbado é que quando consegui minha sobriedade me tornei responsável. Chamaram-me de uma emissora às seis da tarde e me disseram ‘queremos que se apresente amanhã de manhã na câmara do Senado’. E ficava completamente maravilhado de que confiassem em que eu estivesse lá; mas não me conheceram antes de conseguir a sobriedade. Neste ponto da minha carreira as pessoas podiam confiar em mim. Antes, quando bebia, não podia confiar sequer em me apresentar num encontro para salvar a minha vida”.
Durante os primeiros dias em A.A., Al encontrou-se com Bill em algumas reuniões em Manhattan. Mas Bill morreu antes que Al começa-se a trabalhar nas Conferências. Al fez alguns retratos de Lois que comparecia regularmente aos jantares da Conferência. “Ao folhear alguns dos Relatórios dessas Conferências, vi no Relatório de 1964 um desenho que fiz de Lois. E lembro que não foi do seu agrado”.

Que outras mudanças percebeu durante os anos que trabalhou para o ESG? “Espero ter chegado a ser um artista melhor” diz Al. “Os velhos desenhos parecem-me um pouco apertados e carregados. Hoje trato de mantê-los simples e abertos. Gosto de considerar os desenhos como um espaço para respirar entre todo o texto”.